sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Rá!

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 18 de agosto de 2009

"Vou mostrando como sou,

E vou sendo como posso!"


Tá!
Na verdade, eu criei esse blog pra postar coisas que gosto. Já que não sou muito boa com as palavras e ainda assim, às vezes, me atrevo a escrevê-las de qualquer forma... (risos!)

Além dos meus momentos "inspiração" serem sempre raros.
E quase constantemente escrever simplesmente uma frase ou um parágrafro.

Mas eu sou assim, e ser peculiarmente você não tem preço melhor que este, ser você mesmo!!
Então irei escrevendo minhas baboseiras até aprender a real beleza de escrever bem.

Sorria, leve a vida simplesmente!
:D




sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Caetano Veloso



Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante


Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá


Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito


Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá


E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio

Caetano Veloso

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

desabafo!

Queria ter podido brincar na rua de bicicleta, de pique e esconde; ir ver o pôr-do-sol mais vezes, ir á praias distantes com os amigos, ter feito mais programas culturais, ter me deixado envolver mais vezes pelas coisas, ter meus pais juntos e mais presentes, ter sido mais afetiva, ter conhecido as pessoas certas mais cedo, ter feito mais loucuras, ter cultivado os verdadeiros amigos e os reconhecido por completo, ter sido mais revolucionaria, ter sido mais intensa...


Por ter nascido na época errada... talvez? (risos!)


Normalmente as pessoas acabam nos roubando as coisas mais importantes que temos, em determinado momento, e que para elas são tão desprezíveis que acabam não percebendo o quão erro cometeram para o futuro de outras...


foto por Roberta Smania.