segunda-feira, 19 de outubro de 2009

mas era primavera. até o leão lambeu a testa glabra da leoa. "mas isso é amor, é amor de novo", revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era primavera e os dois leões se tinham amado. mas era primavera, e ela mataria aqueles macacos felizes, a macaca dando de mamar. ela mataria a nudez dos macacos. um macaco também a olhou, o peito pelado exposto sem orgulho. mas não era no peito que ela mataria, era entre aqueles olhos. de repente a mulher desviou o rosto, trancando entre os dentes um sentimento que ela não viera buscar, apressou os passos, ainda voltou a cabeça espantada para o macaco de braços abertos: ele continuava a olhar para a frente: "oh não, não isso", pensou. e enquanto fugia, disse: "Deus, me ensine somente a odiar".
"eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "eu te odeio", disse muito apressada. eu te amo, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. eu te odeio, disse implorando amor.


Clarice L.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


"Na fotografia estamos felizes"


Clean-up Day Bahia, Porto da Barra.